Milhares de fiéis subiram três quilômetros de uma serra para
reviver a Paixão de Cristo, em Monte Santo, na Bahia. Este ano, os romeiros
foram pedir chuva para amenizar a seca que castiga a região.
Acordar os moradores com a matraca é a missão de Afonso na
madrugada da Sexta-feira da Paixão. Com o dia ainda escuro, eles começam a
subir a Serra de Monte Santo, sertão da Bahia.
A Irmandade da Penitência segue cantando, rezando,
carregando a cruz. O aposentado Idálicio de Jesus é o mais experiente do grupo.
“Desde os 10 anos de idade eu subo a serra. Tenho 78.”
As capelas representam as estações da Via Sacra. O caminho
de pedras foi construído por um frade capuchinho há mais de dois séculos.
São três quilômetros até o fim do percurso no ponto mais
alto, na igreja da Santa Cruz.
Subir a serra na Semana Santa, mais que uma demonstração de
fé e sentimento pela morte de Jesus, é também um ritual de agradecimento pelas
graças alcançadas. Mas, desta vez, os sertanejos foram pedir socorro. Eles
dizem que, mais do que nunca, precisam da ajuda divina para suportar a seca.
"Não colhi um caroço de feijão, um caroço de milho”,
lamenta o agricultor Luiz Manoel Costa.
Na região de Monte Santo, mais da metade do rebanho já
morreu. Não chove há dois anos.
Cheios de esperança, eles renovam a fé em dias melhores para
o campo, e retornam com a imagem que simboliza o corpo de Jesus.
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